Valendo!!! Iniciando as publicações na impulsividade, no modo “trocando o pneu com o carro em movimento” sem saber muito bem como esse site funciona porque eu preciso falar!!!! (E não, o instagram não atende ao que eu preciso.)
Pra quem não sabe o que é uma newsletter: “é uma publicação periódica, geralmente por e-mail, que contém informações, atualizações e conteúdo de interesse para um público específico.”
Essa é a minha, que batizei de “Para o Vento” (em breve explico o porquê).
Então, vamos ao que interessa, meu primeiro texto.
Hoje o tema é: RAIVA
Sim, começarei polêmica.
Fui provocada a escrever sobre isso depois de escutar um episódio de podcast do 30minutos, com uma entrevista com a Bruna Maia. Não vou repetir o que ela falou, mas transcrevo aqui o trecho que me deixou mais pensativa:
“Olha eu acho que boa parte dos recalques da feminilidade, das dores que a gente sente, dos nossos sofrimentos psíquicos tem a ver nem tanto com a sexualidade reprimida, mas também tá, para muitas mulheres. Mas tem muito a ver com não ter direito à agressividade, não ter direito à violência, não ter direito à raiva, enquanto por outro lado os homens são hiperestimulados a expressarem isso da forma mais agressiva possível. E a gente tem que ficar emulando docilidade, né?”
Me identifiquei. Não por ter sido reprimida ou ter fingido ser dócil em algum momento, pelo contrário. Sou conhecida pelos amigos e familiares por ser alguém briguenta, brava, etc.
(Ultimamente tenho percebido que talvez o que eu seja mesmo é assertiva, impulsiva, talvez até mimada, mas isso é assunto pra outra hora.)
O fato é que não me arrependo de ser nada disso, não quero mudar. São muitas camadas que eu pretendo transferir para os meus personagens. Somos muitas coisas ao mesmo tempo.
A raiva me é útil, me moveu muitas vezes. Me incitou a fazer muitas coisas das quais me orgulho, desde confrontar pessoas que me magoaram (e assim superar certas situações), até criar ficção. Lembrei agora de quando um estelionatário deu golpe numa amiga minha (casou com ela inclusive e depois desapareceu) e de como o ódio que eu senti dele se tornou um conto sobre vingança (já que não pudemos matá-lo e sumir com o corpo).
A raiva faz parte de mim. Eu gosto dela.
E percebi que quero, sim, envolver raiva nas minhas histórias. Não quero só falar de coisinhas fofas.
Daí que estou numa fase de organização para reescrever a “O feitiço de Cassandra”. Essa romantasia, que ganhou um prêmio literário em 2021, no momento está disponível para leitura gratuita no Wattpad.
Pra quem não sabe o que é romantasia: são histórias nas quais romance e fantasia têm a mesma relevância na trama, se tirar uma das duas coisas a história não existe.
Pois bem, nessa minha história a protagonista procura ser uma pessoa de bem, desde jovem. Tem amigos legais, com mínimos defeitos, se envolve com boys que são sempre carinhosos e compreensivos... Na época eu pensei em escrever sobre alguém “como eu, como as minhas amigas da juventude, como os boys que não eram lixo, só inexperientes e um pouco chatinhos”. Mas agora, pensando nessa nova versão (para ser lançada na Amazon se tudo der certo em outubro desse ano) tenho mudado de opinião. Sim, os personagens podem ser “gente como a gente”, mas, por que não ter também defeitos e conflitos um pouco mais intensos (e reais)? Ninguém vai fazer maldade propositalmente, mas... Que tal se um boy for ciumento e covarde (apesar de no futuro ser um ótimo melhor amigo e pai de uma criança)? E se a protagonista não for boazinha, mas sim arrogante (e no decorrer da história se tornar mais humilde)? E o outro boy, se ele for pressionado a ser alguém que ele não gosta de ser?
Que tal se a raiva for uma das coisas que fazem a mocinha tomar certas atitudes? A raiva que foi sufocada e reprimida quando ela era mais nova? E se os pais dela não forem tão compreensivos como na primeira versão? (e a explicação para isso vier só no terceiro livro da trilogia, rs). E se for assim, através da raiva, que a protagonista vai se libertar e transformar a própria vida? (E a vida de outras pessoas). E se essas transformações não puderem ser classificadas apenas como boas ou ruins?
Ainda não sei como tudo isso vai se encaixar, mas vai.
Estou bastante empolgada e não quero deixar esse sentimento escapar, então, lá vou eu mergulhar nessa (re)escrita. Com raiva, sim. Com vontade, com ansiedade. Agora. Já!
Pra encerrar, me responde uma coisa: a raiva é útil pra você?
Oi Raquel!
Tenho ainda de editar melhor o meu perfil, mas queria desde já deixar o primeiro comentário...
Sim, a raiva é muito útil para mim também no ato de escrever, principalmente. Na escrita podemos descarregar todas as energias negativas e fazer a "nossa" justiça quando algo nos incomoda.
Acho muito bem que procedas à reescrita de "O Feitiço de Cassandra" e que tornes tudo mais orgânico - gosto mais dessa palavra do que "verdadeiro", porque considero que à partida todas as histórias são verdadeiras. As personagens podem ter defeitos que não as maculam. Um dos grandes pecados do Wattpad e de outras plataformas de autopublicação é precisamente esse, a meu ver. As histórias são demasiado perfeitas e até inócuas. Parece que os escritores têm medo de ofender alguém ou de ir contra as regras espartanas dessas plataformas. Tudo tem de ser bonito e com final feliz, e sabemos que a vida não é assim. Procurei sempre ser orgânico com as minhas histórias e já ofendi e escandalizei leitores. Mas se não têm estômago para a literatura, então que se afastem... É isso.
André